A Justiça Eleitoral da Comarca de
Assu julgou representação eleitoral do Ministério Público em desfavor do prefeito
de Ipanguaçu, Leonardo da Silva Oliveira (foto) e outros dois aliados. Chegou
ao conhecimento do Ministério Público Eleitoral a ocorrência de possível compra
de votos nas últimas eleições municipais, promovida e patrocinada pelo então
prefeito municipal, candidato à reeleição. Durante a instrução do procedimento
administrativo, foram ouvidos na Promotoria eleitoral várias testemunhas que
disseram ter recebidos de Leonardo um pedaço de chão e mais dois milheiros de
tijolos; a oferta de 400 reais em dinheiro; dentre outros benefícios.
Além dos depoimentos dos
eleitores, constam nos autos várias fotografias de várias localidades do
Município de Ipanguaçu, que aparecem casas com bandeiras vermelhas, tendo em
frente ou próximo a elas, matérias de construção de várias naturezas, como
tijolos, areia, cimento, que provavelmente foram distribuídos pelo candidato
Leonardo (PT) em troca de votos. Em sua decisão, a juíza da Comarca de Assu,
Aline Belém Cordeiro Lucas julgou procedente a cassação do diploma do prefeito
Leonardo da Silva Oliveira cominando-lhe, ainda, a sanção de inelegibilidade
para as eleições que se realizarem nos próximos 08 (oito) anos, contados da
eleição 2012. A decisão ainda cabe recurso.
Por Marcos Dantas
COMPRA DE VOTOS VEM DE LONGE.
ResponderExcluirA compra de votos é uma prática criminosa que está enraizada na cultura da elite política brasileira. Vem de longe. Ressalvadas as exceções, os que entram e os que saem são e estão contaminados pelo vírus da corrupção eleitoral e pela falta de vergonha na cara. É como diz o poeta: ‘’Se gritar pega o ladrão, não fica um, meu irmão.’’
No mundo de hoje quem não compra votos não se elege a nada. Nem ao cargo de conselheiro tutelar, ou a presidente de sindicato rural.
RUY BARBOSA (1849-1923) não comprava votos para conquistar mandato popular. Ruy usava a palavra.
Ruy Barbosa candidatou-se a presidente da República, em 1905, mas retirara a candidatura em favor de Afonso Pena.
Em 1910, novamente candidato, perde a eleição para Hermes da Fonseca, sobrinho de Deodoro.
No pleito presidencial de 1914, Ruy se candidata e renuncia. Venceslau Braz sai vitorioso na disputa ocorrida a 1º de março daquele ano.
Por fim, candidato pela quarta e última vez ao cargo de presidente, o grande tribuno baiano perde para Epitácio Pessoa no pleito realizado a 13 de abril de 1919.
Ruy Barbosa de Oliveira nasceu em Salvador (BA) e faleceu em Petrópolis (RJ). Foi um dos maiores intelectuais brasileiros de todos os tempos. Jurista, jornalista, político, tradutor, poliglota, filólogo, escritor, diplomata e orador. Segundo Ruy: ‘’A justiça pode irritar-se porque é precária. A verdade não se impacienta porque é eterna.’’
PADRE CORTEZ (1934-2001) não comprava votos para conquistar mandato popular. Padre usava a palavra. Sabia falar a língua do povo sertanejo.
Padre José Dantas Cortez nasceu em Acari (RN) e faleceu em Natal (RN). Foi professor do Instituto Vivaldo Pereira, do Ginásio Agrícola, da Universidade Federal (Currais Novos), sacerdote, político e advogado. Grande orador. Brincava com as palavras.
”Ganhei as duas eleições de deputado estadual só com a palavra. Mas, hoje, isso é impossível de fazê-lo porque só se ganha campanha com dinheiro, e o padre Cortez não tem dinheiro.”
DJALMA MARINHO (1908-1981) não comprava votos para conquistar mandato popular. Djalma usava a palavra. Apesar de não ser bem compreendido pelas massas. Talvez em consequência do uso da linguagem técnica, própria dos embates nos tribunais ou nas tribunas legislativas.
Djalma Aranha Marinho nasceu no antigo distrito de São José de Campestre, no município de Nova Cruz (RN) e faleceu em Natal (RN). Era um homem culto, humanista, grande orador, político, professor e advogado.
Djalma inspirado em Calderón de La Barca, em dezembro de 1968, no auge da Ditadura Militar, não aceitando os argumentos do governo para processar o deputado Márcio Moreira Alves, no STF, disse a célebre frase: ‘’Ao rei tudo, menos a honra’’. Djalma Marinho era homem justo nos atos e atitudes.
Dizia o eminente Professor Cortez Pereira que: ‘’Assunto eminentemente técnico não se discute em praça pública.’’
Tomo a liberdade para suplementar a importante relação de homens públicos publicada pelo Sr. Hermenegildo.
ResponderExcluirO político JOÃO ADELINO SOBRINHO, a exemplo de Ruy, Padre Cortez e Djalma Marinho, também, não comprava votos para conquistar mandato popular. Usava a palavra. João Adelino foi eleito vereador pelo município de Lajes Pintadas, em cinco legislaturas, nas décadas de 60, 70 e 80, do século passado.
‘’Com a renúncia de Geraldo Pegado ao cargo de prefeito - ninguém ainda não sabe o motivo por que ele tomou essa decisão -, a Câmara empossou Nozinho [Francisco Gomes de Sena] como prefeito provisório de Lajes Pintadas, na segunda quinzena de dezembro de 1964. Eu era presidente da Câmara.’’ (João Adelino)